sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A magia do 1 de Dezembro

Como tem vindo a ser da praxe, ao longo dos meus ternurentos 39 anos, a árvore de Natal é montada no dia um de Dezembro.
Dia verdadeiramente histórico não só porque o faço há 39 anos ou porque é feriado ou porque chegámos ao mês do Natal. Se fosse vivo o meu pai completaria 69 anos.
O dia de hoje estava sempre destinado a um almoço fora seguido da montagem da árvore de Natal.  Ainda que a minha paciência não fosse muita lá estava o meu pai, cheio de pachorra, disposto a perder quase uma tarde toda naquilo. Ele, que nem por isso era uma pessoa muito dotada de paciência! Homem de poucas palavras, o meu pai tinha o dom do silêncio, muito dificilmente conquistava a empatia das minhas amigas. Punha- as todas a correr já que o lar era lugar de descanso.
E lá ia colocando as peças enquanto resmungava com a árvore.
Montou a sua última árvore de Natal há 5 anos, dia do seu aniversário, quando ainda nem imaginava que o iria fazer pela última vez...
Bolinhas douradas, decoradas com lacinhos vermelhos de veludo que ele mesmo fez, eram penduradas numa árvore verde, pequenininha, a condizer com a sala. Correntes douradas e vermelhas percorriam a árvore em substituição das antigas fitas pomposas. As luzinhas piscavam descompassadamente enquanto no topo brilhava uma estrela dourada.
O meu pai não era uma pessoa demostradora de afetos nem tinha jeito para isso. O seu semblante, quase sempre fechado, não o tornava pessoa de muitos amigos.
Tinha soluções engenhosas para tudo, jeito para o desenho e uma letra perfeita quase desenhada. Estou a anos luz de me aproximar da sua criatividade.
Calmo e sossegado não era amigo de sair de casa, a não ser para as suas voltas de bicicleta, paixão que perseguiu durante toda a sua vida.
Nunca me perguntava as notas, o que parece estranho... Mas a sua máxima era: "o que construires agora para ti será".
Este era o meu pai, o "pica" da Rodoviária, não havia quem não o conhecesse. Ainda hoje, para quem não me está a reconhecer sou a filha do Bento, o senhor das camionetas ou da bicicleta.
O dia um de Dezembro, para mim, não é só o primeiro dia do último mês do ano. É um marco,  uma lenda que faço questão de manter até ao dia em que eu mesma construa a árvore mágica pela última vez...

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O segredo está em sorrir

Hoje resolvi dedicar-me a este tema, sorrir. O porquê de sorrir sempre e de me manter bem disposta.

No fundo, esta é a resposta a alguns amigos que me perguntam como posso estar sempre feliz.

Podia começar por dissecar a importância de sorrir, definir o sorriso como processo neuropsicofisiológico que se inicia no sistema límbico  e que é considerado o centro emocional, que depende da ativação dos músculos faciais zigomáticos indutores de uma mensagem percecionada pelo recetor, mas prefiro destacar o porquê de me manter de bem com a vida. Simplificar, portanto. A resposta é simples: porque o sorriso começa perto de outro sorriso.


O sorriso é uma das características que me distingue. Um simples sorriso pode mudar o meu dia e ainda fazer a  diferença no dia de alguém!
Sorrir é de borla, não cobra impostos, faz bem aos músculos, rejuvenesce, transforma o cinzento em cor e ainda faz o teu dia valer muito mais a pena. 






O sorriso traduz um estado de alma, ainda que, muitas vezes, essa estivesse em farrapos e a precisar de colinho… Vocês nem imaginam o número de vezes que fizeram a minha alma sorrir ainda que de forma inconsciente. Sorrir para os amigos revigorou a minha energia e ajudou-me a carregar baterias.

Um sorriso pode trazer esperança, pode ajudar-nos a sonhar e a vencer os obstáculos que a vida teima em colocar no nosso caminho, contagia-nos e transporta-nos para outra dimensão... Um sorriso pode ser o antídoto para os dias cinzentos e a sustentação da felicidade!

Vivemos sempre tão ocupados que mal olhamos para os outros. Vamos lá perder um segundo na nossa vida e sorrir a quem se cruza connosco.

O Sorriso é a expressão mais bonita do ser humano e o seu reflexo ecoa por toda a parte!

Sorrir é uma questão de atitude, depende exclusivamente de  nós.


No fundo não é só sorrir, é sorrir com vontade!

sábado, 27 de agosto de 2016

O sonho das meninas

Podia ser só mais uma história de homicídio que lia no jornal, mas não.  As três meninas brasileiras eram amigas de uma grande amiga. No dia 17 de Março eu pedia ajuda,  através das redes sociais, para encontrar umas meninas desaparecidas que tinham chegado a Portugal havia pouco tempo. Restavam-me as últimas publicações no Facebook das duas meninas mais novas que se fotografavam em frente ao espelho numa casa de banho do Cascaishopping.
Na altura fiquei intrigada com tanta história mal contada,  as peças não encaixavam, nada fazia sentido. .. As minhas desconfianças recaíam entre o homicídio e o tráfico humano.
Seis meses depois aconteceu o que mais temia. As três meninas; sim meninas, porque todas elas tinham menos de 30 anos; aparecem mortas enfiadas num poço qualquer, em Tires. E tudo isto só porque sonhavam constituir família ou ter uma vida melhor!
Só me resta desejar que seja feita justiça e que o assassino seja condenado. Mas questiono-me que tipo de pessoa é capaz de fazer uma coisa destas? Até os animais, que chamam de irracionais, não matam friamente.  Até esses são capazes de mostrar mais amor e compaixão que esses seres a que chamam Homens.
Por coincidência,  ontem,  dia em que foi divulgada esta triste notícia,  publiquei na minha página do Instagram uma foto de dois macaquinhos que fotografei no Kruger. Acho que há muito ser dotado de inteligência que precisa aprender com estes bichinhos. Amor gratuito. Instinto protetor. Uma quase racionalidade.
Fica o registo.
Obrigada a todos os que me apoiaram e se preocuparam em saber notícias das meninas.  Descansem em paz. ..

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Descrença na religião

Não, não acredito em Deus. Não, não acredito em milagres. Não, não acredito no oculto. Sou cética. Tenho dificuldade em acreditar em coisas que não vi, que não me podem ser provadas.
Como posso acreditar em Deus! ? Alguém que nunca me foi apresentado,  alguém que nunca ninguém viu! ? Como alguém que é colocado acima de todo o bem e dotado de toda a sabedoria, omnipresente e omnipotente pode permitir que os seus seguidores passem por tantas privações!?
Já sei, já sei. Deus só coloca o fardo nas costas de quem o pode carregar. .. Hã??? Então alguém que só pratica o bem ainda tem de ser fustigado!? Eu até podia dar um quase interminável número de exemplos, mas corria o risco de identificar pessoas e por isso não o vou fazer.
Acredito em Jesus.  Sim, porque há relatos, há testemunhos.  Só não me peçam para acreditar que fez milagres. Não duvido que tenha sido uma pessoa maravilhosa e que só praticou o bem, mas morreu em prol de tudo o que fez para ajudar o próximo.
A uma entidade como Deus não deveria ser reclamada justiça! ? Lamento, mas não consigo compreender. Quem pratica o bem não procura agradecimento, mas não seria merecedor de paz de espírito?
Mas acreditando que Deus existe, como poderia reclamar o sofrimento das pessoas que ajuda? Sacrifícios de kms a pé ou de joelhos e outro tipo de penitências? Se Ele realmente existe não consigo acreditar que se orgulhe disto. Se quem tem fé deposita a sua vida nas mãos de Deus e se Ele ajuda, sendo quem é,  como poderia reclamar tal suplício?
Também temos a ostentação da igreja católica. Então, Jesus nasceu pobre em Belém e o Papa, em Roma, vive num rico palácio!? Se Jesus pregou descalço e ao relento porquê que a igreja vive no luxo! ? A fé não está dentro de edifícios, a fé está no coração.
Apesar de todas as minhas descrenças, não estou contra a religião. Sou a favor de tudo o que faça com que nos sintamos bem. Não me identificando com nenhuma religião acho maravilhoso que se possa sentir paz junto de uma entidade religiosa. Acho, sinceramente, que a fé pode ajudar as pessoas e até transformá- las em seres melhores. 
Prefiro, no entanto,  identificar-me com pessoas e com atitudes. Sou indiferente à religião, porque as pessoas são o espelho dos atos que praticam.
Por estes dias,  durante o  serviço, fui abordada por duas irmãs que me deram duas medalhas religiosas. De acordo com as suas crenças estas me iriam iluminar e proteger. E não é que acreditei nisso? Não que eu acredite que são as imagens que me protegem, mas sim o desejo de duas pessoas bondosas que praticam o bem pelo prazer de ver os outros felizes. 
O meu semblante sorriu enquanto recebia as medalhas. E a fé é isto, acreditar que o amor é gratuito e pode mudar o mundo. Eu acredito.